Crônica de minuto #59

Quando eu era pequena, meu pai nunca mandava a gente colocar o cinto de segurança no carro. Porque ninguém usava cinto de segurança naquela época. Os carros vinham equipados com o acessório, condenado a permanecer intacto, enroladinho sob o banco, exatamente como saíra da fábrica. O quanto viajamos no Fusquinha! Todos tão soltos quanto minha imaginação a cada curva da estrada de Santos.

Hoje, quando meu pai entra no carro eu preciso, invariavelmente, pedir para ele colocar o cinto de segurança. Ele, que já foi motorista de táxi, nunca se lembra. Porque nunca usou. Ele sempre se atrapalha. Eu sempre fico irritada e tenho de ajudá-lo na tarefa banal. Ele sempre reclama que o cinto deve estar com problema. Eu sempre peço a Deus que me dê paciência com quem tantas vezes me levou passear de carro.

Eu sei o real significado dos três pontos dos cintos de segurança. Pai, filha e Espírito Santo.

Amém.

3 comentários em “Crônica de minuto #59

Quer comentar?