Carta para Cristiana

Cara Cristiana, Pequena, mãe do Francisco, viúva do Guilherme e que tem tanta história para contar

Estou até agora tentando lembrar como achei você, e eu nem estava te procurando. Nunca tinha ouvido falar nada de você. Nadica.

Vou tentar reconstituir a última hora. Eu estava tentando achar o site do Café com Letras no Google. E Google é assim: sempre supera as nossas expectativas, e manda mais coisa do que a gente pede. Sei que fui clicando em “abrir link em uma nova guia” a cada coisa interessante que achava, que nem tinha a ver com o que eu queria. E acabei esquecendo o que eu realmente estava tentando encontrar. Mais ou menos como aquele quadro da Vila Sésamo – não sei se você chegou a assistir, eu sou de 67 e você deve ser de 70. Era uma garotinha (acho que o nome era Rosinha) que a mãe mandava comprar alguma coisa. Ela saía de casa e ia cantando, tiptitip-tiptitip, se distraindo com tudo, ora seguia uma borboleta, ora parava para conversar com um gatinho. E esquecia-se do que sua mãe havia pedido para ela comprar, e acabava comprando tudo errado. Chegava na padaria e pedia “pão de borboleta”. E por aí ia.

Mas o Café com Letras. Explico: o filho do meu marido mora em Beagá. (Costumo dizer que tenho três filhos: dois que saíram da barriga e um que entrou no coração). E de vez em quando vamos todos – nós e a cria – para lá, vê-lo. E sempre que vamos, fico na lombriga de ir nesse Café. Porque nunca consigo ir. Ou porque a caçula, que tem a idade do seu Francisco, acaba dormindo. Ou o do meio, um pouquinho mais velho, pede para ir brincar numa praça com a cara mais linda deste mundo, e quem resiste. Ou bate moleza em todo mundo e a gente fica ronronando no hotel. E como fomos para lá neste feriadão de 21 de abril, continuei na lombriga, ninguém quis ir comigo. Mas deixa estar. Da próxima vez eu vou, with or without them.

Achei o site do Café. Mas antes de ir lá dei uma paradinha no UOL Estilo, porque gosto da moda da moda (não digitei duas vezes, não). Depois, caí numa certa “Ameixa Japonesa”, que tinha um link para um certo “hoje vou assim”, mas que nome bacaninha! Lá fui eu, “abrir link em uma nova guia”, o browser já começando a surtar. E vi você. Cristiana Guerra. Confesso, de cara pensei: que mulher chata e feia, parece essas modelos que não comem. Puro arroubo de presunção, pré-conceito, essas coisas nada bonitas de se sentir. Fiquei encafifada com a palavra “Lápis” no topo das fotos, e continuei vendo os seus modelitos. E não é que a coisa era legal? Foi quando botei os olhos na capa do seu livro.

Não fui ver primeiro o blog que você fez pro seu filho Francisco (o menino lindo), que virou o livro. Resolvi dar uma olhada antes no que já tinham falado dele. Passei pelo site da Criativa. Da Ilustrada. Da Gazeta Mercantil. E de todos os outros. Li tudo com uma quase voracidade, fui ficando emocionada com a história. E não é que comecei a achar você bonita? Aí não teve jeito: abri o “link em uma nova guia”, para desespero do browser, que deixou todas as guias abertas tão pequeninas lá em cima. E cheguei ao blog. Lindo, lindo, lindo. Interessante como a gente é capaz de tirar o melhor de nós mesmos. E parece que até caprichamos mais quando pinta uma situação tão fora do script. Francisco tem sorte. E você está a milhões de quilômetros de ser chata. Além disso, tem a felicidade de ter pessoas boas ao seu redor. Estou falando daquelas que a gente vê e daquelas que a gente não vê, ficam flutuando por aí.

Resolvi ir dormir. Mas continuei intrigada com a palavra ‘lápis’ das fotos, então… só mais um pouquinho. A resposta estava ali, era só “abrir link em uma nova guia”, oras! Aí o browser ficou bravo e ameaçou acabar com tudo. Tive que fechar algumas guias, fazer o quê. Pois então Lápis Raro é uma agência de comunicação, vejam só. E de Beagá! Até então eu não tinha percebido que você era daí. Continuei a visita, vi os clientes, vi foto do pai do Francisco. Você ficou bonita de vez, e senti que era hora de escrever para você.

Como falei, passei o feriado de 21 de abril na sua cidade. Vi tantos anúncios da Unimed (cliente Lápis), em particular no telão do Mineirão, onde assisti no domingo o Cruzeiro vencer o Ituiutaba por dois a um – para delírio do marido, filho e enteado. Lembrei-me que a Unimed já foi cliente da ex do marido, que é jornalista. Talvez vocês até se conheçam. E comecei a repensar em toda a trajetória desta noite. Eu, que só queria dar uma olhadinha no site do Café Com Letras, acabei indo parar em coisas novas, mas que soaram tão familiares. Que estiveram pertinho de mim no dia de Tiradentes, que deu nome à cidade vizinha de Belo Horizonte, onde quero morar um dia, para juntar a família. Hoje vou assim. Francisco. Lápis Raro. Avenida do Contorno (casa da Lápis), por onde passei inúmeras vezes nesse feriado. Publicidade, comunicação – minha profissão há mais de vinte anos. Blogs fora do lugar comum. E fazer um, aliás, é minha meta, já que também estou nessa onda. Embora esteja trabalhando nisso bem aos poucos. Como já disse um ex: sou Touro com ascendente em Mula.

Ainda não sei bem direito porque, Cristiana, mas eu tinha que escrever tudo isso para você.

Um grande beijo,

(Cristiana recebeu esta missiva por e-mail. Respondeu três dias depois. Ficou de me levar ao Café com Letras.)

4 comentários em “Carta para Cristiana

  1. Hoje fiz a mesma coisa com meu browser e veja onde parei! Achei o blog da Cristiana Guerra através do seu, até vi uma foto de vocês. Uma não, três! E agora a carta.

    Tudo bem, não foi essa a ordem que deveria ser, mas valeu a pena ler sobre vocês. Lindas!

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  2. E não é que eu encontrei seu blog por uma indicação da Cris? Naquele post das flores, lembra? “If you were going to San Francisco…”. Eu passo todos os dias no Hoje vou assim. A proposta é uma delícia e, pra quem gosta de moda, o estilo e a criatividade da Cris são viciantes. Assim como seus textos! rs
    Beijão, Sil!

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  3. Comigo aconteceu da mesma maneira.
    De blog em blog conheci o da Cris, e acho ela um arraso, linda, criativa e acompanho todos os dias suas combinações de roupas, seu estilo, pq sou estilista, pq adoro o jeito da Cris e enfim.. e de repente ela indica um texto, fui correndo ler, só q parei oq eu tava fazendo, hoje, no dia do meu aniversario para ler tudo oq conseguisse desse blog lindo da Silmara.
    Aí um amigo me chama no msn pra jogar conversa fora e eu respondo: me deixa, pq estou encantada com uma coisa aqui (num tom de brincadeira), mas o encantamento era real. E estou desde as 08:00 da manha até agora 16:35 devorando seus textos, me deliciando com todos eles. Confesso q poucas coisas me encantam tanto, e adorei ter vindo parar aqui.

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  4. Silmara, oi! Eu again! Também descobri a linda Cris de blog em blog e no blog dela encontrei você. E, hoje, você é mais uma pérola (legítima) nesse colar infinito que nos une. Beijos, querida.

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