Crônica de minuto em 3D

Arte: Isabelle

Não me convide para assistir um 3D no cinema, eu não vou (mais). Não insista. Não carece pagar meu ingresso, queisso. É que não gosto dos óculos, são grandalhões e incômodos. Ocupam tanto espaço no meu rosto que me distraem, perco várias cenas imaginando como fico com eles. Os fabricantes não precisariam chegar ao ponto de consultar um esteta ótico, mas noções básicas de ergonomia ajudariam um bocado. Da poltrona, me volto para trás; quero conferir quem, além de mim, desistiu deles nos primeiros quinze minutos e assistiu o resto do filme sem. Ninguém. Estou só.

Está bem, não é só por isso. Também não enxergo direito com eles, sou a cega em terras de reis e rainhas e príncipes, todos sentados. Os óculos embaçam. Escurecem tudo, dão reflexos. O efeito especial mais nítido é o que me faz ter a precisa sensação de ter comprado gato por lebre.

Sim, há mais. Quem disse que quero estar ali, no meio da aventura, tal uma espectadora-coadjuvante? Quem declarou que a humanidade ama 3D? Deve ter havido algum plebiscito mundial votando a questão, o qual não fiquei sabendo e, portanto, faltei.

Isso posto, agora sei das três dimensões: desconforto, desserviço, dispêndio.

Realidade virtual, realidade 3D. Excessos de interatividade, exageros da cumplicidade. Viver já é uma experiência sensorial e tanto. Às vezes, sinto falta da realidade, somente ela.

4 comentários em “Crônica de minuto em 3D

  1. Silmara,
    não se sinta tão só… eu e meu marido odiamos 3D e ainda não entendemos porque tanta propaganda por um produto tão ruim…Tb devemos ter faltado ao plebiscito…
    Bjs

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  2. Muito bom Silmara! Eu sinto um pouco de tontura e mais desconforto do que prazer tambem. Eu tiro e fico vendo como fica a tela sem o oculos, fica embacado. Nao e a toa que sinto tontura. Acho que 3D deu!

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