Visite minha cozinha. É nela onde refogo as manias, asso os medos, torro a paciência e lavo meu coração de louça.
Visite minha cozinha. Ali escolho humores e amores, invento modos de fazer e desfazer. Mantenho o dia aquecido em banho Maria e, cheia de graça, sigo rezando: “Livrai-me de todo sal, amém”.
Visite minha cozinha. Mas atenção: facas e palavras estão sempre afiadas.
Visite minha cozinha. É o lar que habito e de onde me mudo. Às vezes, acerto o tempero. Às vezes, erro a mão; o abraço, não.
Visite minha cozinha, repare na bagunça, nos meus pés descalços e no gato que cochila na cadeira.
Visite minha cozinha. O fogo é brando e o café, forte. Tenho um fraco pelos extremos.
Visite minha cozinha e prove os ingredientes sagrados e profanos das minhas receitas. É minha salada espiritual.
Visite minha cozinha – ao mesmo tempo, altar de adoração e sacrifício. O lugar onde preparo (nem sempre com alegria) o alimento e gero combustível para o bom dia de todos. Há, no mundo, responsabilidade maior?
Visite minha cozinha. Pode vir sem avisar. Mas não tenha hora para ir embora; não sei preparar o futuro na pressão. Ajeite-se à mesa, o presente está sempre servido. Bem passado ou ao ponto, você escolhe.
Q delícia de texto! Vc consegue imprimir ao leitor a “navegação” visual necessária à visita emocional à está cozinha, que é mais interna, emocional que externa e material. Isso, com a dinâmica funcional de um ritmo de texto contemporâneo. Parabéns! Lindo trabalho!
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Muitíssimo obrigada pelas palavras, Heyttor! Abraço 😊
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Lindo! Seu jogo de palavras é intrigante. Sua imaginação para colocar as palavras no lugar certo é deliciosa. Gostei deste, da página 26. Vou ler, de novo, o da página 12, que é lindo tb. Que bom ter seu livro em mãos!
Beijo, Silmara. (cadê o coraçãozinho do FB, pra eu colocar aqui?! rs)
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a cozinha é um laboratório…muito mais que comida,serve amor,afeição,carinho…bjs
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Sil, adoro a cozinha. Fui criada numa família onde o QG era sempre a cozinha. Local de muitas conversas, risadas, desabafos e aconchego. Aprendi a cozinhar observando as mulheres e depois, mais tarde experimentando e sendo orientada por minha mãe e minha avó. Amei seu texto e já me sinto atraída para entrar, puxar uma cadeira, tomar seu café forte e esquecer da vida lá fora.Aproveito para te convidar a ler dois textos que escrevi sobre o mesmo tema:
http://remisson.com.br/2013/06/03/usina-de-transformacao/
E vou mais longe, se gosta de ler, tenho uns livros que te indico onde a temática também é a cozinha e seu universo.
Afrodite: contos, receitas e outros afrodisíacos. Isabel Allende;
Livro de receitas para mulheres tristes. Héctor Abad;
Cozinha das escritoras: sabores, memórias e receitas de 10 grandes escritoras. Stefania Aphel Barzini
Vixi! Me empolguei, rsrs Gostei tanto que vou divulgar.
Bjs
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