Os sabonetes andam, não de hoje, atrevidos.
Do tempo em que nove em cada dez estrelas usavam Lux até os anos dois mil, uma passada rápida nas gôndolas do supermercado confirma: não se toma mais banho como antigamente.
Se para minha avó bastava escolher entre sabonete para pele normal ou seca, tenho à minha disposição opções para pele normal, seca, desanimada, em crise, moderna, retrô, light, diet, integral. O sabonete ganhou predicado afetivo, social, mágico e, por que não?, gastronômico.
Valei-me! Sabão é sabão.
Provocar, relaxar e estimular são os verbos preferidos dos slogans. Há também aqueles que não se contentaram com o universo do banheiro e se estenderam à sagrada cozinha, incluindo na receita ingredientes inusitados como vinho, macadâmia, morango, chantily. Agora me lavo com medo de engordar. Vou ter que instalar uma lava-louças no lugar da banheira.
Vou ao delírio quando vejo um rótulo minimalista e sincero: “sabonete para banho”.
Tem sabonete candidato a último romântico oferecendo buquê de sonhos, prometendo suavidade de pétalas, sensação luminosa, maciez renovadora. Uns, mais atirados, convidam: “degusta-me”, “seduza-me”. Já já precisarão colocar a classificação indicativa nas embalagens.
Um sabonete, para ser capaz de estimular meus sentidos, teria que ter o gosto do pão de batata que minha mãe fazia ou o cheiro do meu primeiro carro zero.
Para ser merecedor do título de relaxante, um sabonete precisaria saber fazer massagem nos pés, contar uma boa história ao pé do ouvido, preparar chá de alfazema. Energizante? Bastaria que cantasse “Fistfull of love” igualzinho ao Antony.
Dá para deixar os meus sentidos em paz? Eu só queria sair do chuveiro limpa e razoavelmente cheirosa.
Porque contra cansaço, angústia contemporânea, falta de amor ou paciência, não tem lauril éter sulfato de sódio, anfótero betaínico ou fragrância que resolvam, meu bem.
Atribuir superpoderes àquilo que foi feito para limpar, perfumar e, no máximo, não ressecar, soa a desespero. É forçar a barra do sabonete. Líquido, inclusive.
Ri muito. E uso Phebo
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Fui criada e criei meus filhos com o Lux e o Palmolive, que sempre foram populares. Hoje, embora os ingredientes de nomes escalafobéticos, não têm bom perfume nem a suave glicerina para amaciar. Por isso tanta marca no mercado, prometendo tudo, enquanto só o que queremos é um cheirinho bom, o mais a água e uma bucha (nas crianças) se encarregam de levar…
Beijo, Silmara.
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Silmara,
parabéns pela crônica sobre o sabão!
Outro dia no ‘Em Pauta’, programa da Globo News, o Jorge Pontual disse que foi lançado um produto que dispensa o banho. É só passar pelo corpo e as bactérias nos protegem! Será?
Mas a delícia do banho refrescante fica comprometida, né?
bjs
Maurício
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Excelente e hilária crônica! Aliás, como todas que escreve Silmara. Adoro!
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Muito bom…e os minutos desperdiçados em frente a prateleira dos shampoos?minha sogra (Nina )lavava os cabelos brancos,lindos,com sabão de côco. .bj
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‘Agora me lavo com medo de engordar’ é um achado Silmara!
Delícia de crônica! …e olha que ainda nem lambi o sabonete, viu?
beijos.
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“Forças a barra do sabonete”. Genial.
😉
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*ForçaR.
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Muito bom !
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Adorei!!! verdade pura! estou em um regime e o unico sabonete que posso usar é o glicerinado, tudo isso para não influenciar na absorção da pele…. muito bom !!!
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Os sabonetes industriais estão carregados de substâncias nocivas, os sabonetes naturais de glicerina e de argila são os melhores.
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