Querer, sempre quis. Desde criança, quando assistia o seriado na velha Telefunken preto-e-branco, eu queria ser a Jeannie. Que eu não entendia por que era “um gênio”, e não “uma gênia”.
Eu, que já desejei seus superpoderes mais do que ir bem na prova de matemática ou ganhar a boneca que falava, hoje confesso. Bastava-me a garrafa onde ela se recolhia.
Trocaria seu antológico piscar de olhos azuis, capaz de fazer desaparecer coisas e pessoas, pela solitude da garrafa-quitinete. Um refúgio para as horas de colapso doméstico. Indevassável, à prova de Galinha Pintadinha, Lego e vendedor de assinatura da Abril. Onde eu pudesse dormir uma noite inteirinha seguida, curtir meu jantar ainda quente e ler o despretensioso noticiário do Facebook sem alguém ao lado perguntando “Quem é?”. Sem, no entanto, amo para obedecer. Se houvesse um no enredo, que fosse apenas o “eu me amo”.
Uma garrafa-sótão para me esconder da tristeza de ter chegado tarde demais para salvar o passarinho. Para me livrar da insistência do vizinho que tenta me converter e da lanchonete que só tem salgado com carne. Para ouvir nada além da minha própria respiração. Para não ver nem a banda passar, cantando seja lá o que for.
Dentro da garrafa-salvação eu não me importaria de ficar largada sobre uma mesa, embaixo da pia, ao lado do cesto do lixo. O recôndito da minha sala de estar particular garantiria a verdadeira paz eterna, tão prometida pelos cristãos.
Ela nem precisaria ter a icônica arquitetura garrafal, tampouco evocar (dizem) o fálico. Poderia ter o layout de uma Minalba. Cem por cento opaca, evidentemente. Nela, um sofá macio. E, como a casa no campo do Rodrix e do Tavito, meus discos, meus livros e nada mais. (Embora uma conexão 4G também fosse bem-vinda.)
Será que a Jeannie teria filhos com o Major Nelson?
Se ela eu fosse, só toparia tê-los se os superpoderes pudessem ser mantidos depois do parto. Imagine. Fraldas trocadas instantaneamente. Brinquedos que se autorrecolhem. Home office com disciplina e eficácia (sem engordar) num passe de mágica. Depilação e manicure começando no “tic” e terminando antes do “tac”. Condução das crianças à escola, ao médico, às aulas de natação e aos aniversários dos amigos com a rapidez do teletransporte, zás!
Que nada. Era a garrafa que eu queria.
Brinquedo a gente junta, do tempo se fica amiga, do trânsito a gente ri e trocar uma fralda não toma mais que um minuto. Conta rápida: a sete fraldas por dia, são cinco mil fraldas em dois anos, o equivalente a apenas cinco mil minutos dos quarenta e dois milhões que, na média, se vive até o dia em que piscamos os olhos só de ida, sem volta.
O resto é efeito especial da vida.
Nota: e o Major Nelson (Larry Hagman) morreu no dia 23/11/12, poucos dias depois da postagem desta crônica.
Eu tive a sorte! de conseguir comprar uma garrafa original de vidro da Jeannie de 1964 da marca Jean Beam foi uma dessas original que foi usada na serie! Foi pintada exatamente igual a da serie por uma Artista plástica aqui do Rio ficou lindíssima!
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Tão bom encontrar pessoas com sonhos parecidos aos nossos!
Eu sempre quis morar naquela garrafinha tb!
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ERA O MEU MAIOR SONHO, SER UM GENIO, QUANDO CRIANÇA EU ANDAVA PISCANDO PRA VER SE ACONTECIA ALGUMA COISA, EU SÓ CONSEGUIA CANSAR AS PALPERAS E MAIS NADA, ERA MUITO GOSTOSO PENSAR EM SER UMA GENIA E COM AQUELE MAJOR NELSON AO LADO EU NÃO QUERIA MAIS NADA, DEPOIS DELE SÓ UM COPO DE ÁGUA BEM GELADA. EU QUERIA SABER ONDE ENCONTRA A REPLICA DA GARRAFA DE JEANNIE, SE VOCES FICA SABENDO ONDE COMPRA DA UM PULINHO NO MEU EMAIL E ME DIZ TA? OBRIGADO UM CHIRAO PRA TODOS.
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Triste……
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Mas, Sil … confesso que quando eu estive na garrafa bem arrumada na Argentina (sem Legos, bonecas ou filmes do Ben 10) tudo o que eu queria era estar de volta a loucura da real bagunça da minha casa …..
Mãe é mesmo um bicho estranho!!!!!
Bjs
Rose
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“o resto é efeito especial da vida”. (Fooooodaaaaa!!!)
Me empresta suas últimas frases? rs
Deu uma vontade de ter uma garrafinha tb. Morar dentro dela por dias e dias e dias e dias. Sem nenhum ser humano por perto. Ali, quietinha.
“Sonho meu, sonho meu”, Franco.
Bjs de mortal sem magia,
Huck
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Acredite se quiser, Sil, esse sempre foi o meu desejo, tb. Ser a Jeannie. E, hoje, ainda sonho com isso… e gostaria, sim, de utilizar meus poderes para as coisas práticas, como, por exemplo, “surgir” dentro da minha “casa-garrafa” sem enfrentar congestionamentos! hehehehe
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Que lindo… Que delícia seria. Mas, te alivio contando que tudo fica mais fácil quando eles crescem, e a casa (real) da gente pode virar esse refúgio.
BJô
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Ahhh Si, eu tbm ja sonhei mt ser a Jeannie,e morar naquela garrafa! Passava horas sonhando acordada em ser ela, que linda eu seria 😉 nossa, é mesmo, será que tiveram filhos?? serao eles tbm magicos? e menina, eu tbm ficava curiosa, porque nao genia? rsrs
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