Just like a rolling stone

Foto: Quapan

Eu não disse? Nunca se deve circular com calcinha esgarçada e sutiã desatualizado. Se, por acaso, se é acometida de mal súbito e o socorro médico se faz necessário, é fatal: sua surrada intimidade será desastrosamente devassada. E nunca, jamais, dará tempo de substituir o traje antes que enfermeiros se divirtam com o péssimo estado da sua roupa de baixo.

Lição aprendida a duras penas: tive inédita cólica renal (das bravas) em pleno shopping center.

Aproveitava a liquidação quando ela deu seus primeiros sinais. Fingi que não era comigo. Estava deveras interessada em um jeans bacana, a poucos minutos de ser meu pela bagatela de trinta e nove reais. Cheguei a tomar o rumo do provador. Que nada. Tinha uma pedra no meio do caminho. Precisamente, entre o rim e a bexiga.

Ora (direis) ouvir estrelas! E eu vos direi, no entanto, que, frente à lancinante dor, não só as ouvi, como as vi. Todinhas.

Não me recordo como cheguei ao ambulatório do estabelecimento. Só me lembro de teimar com o segurança, não carecia de cadeira de rodas. Carecia. Em seguida, na maca, expus meu derrière a uma injeção intramuscular de analgésico. A calcinha? Uma das piores do meu prejudicado acervo.

Em seguida, a caminho do hospital, no rádio do carro o locutor relembra a impermanência: “Em vinte minutos, tudo pode mudar”. De fato, a agenda do meu dia mudara nesse exato e breve espaço de tempo. Os recados estão por toda parte.

No pronto-socorro, fui beneficiada pela meia-luz da sala de exames. Bastava de constrangimentos. Já em casa, ainda zonza, contabilizei os prejuízos. Marido deixou o trabalho mais cedo, para me acudir. A cria, para voltar da escola, foi rateada entre os amigos. Fui flagrada com lingerie mulambenta. Ratifiquei vox populi: “Pior que dor de parto”. Nada se compara, no entanto, à dor de ter perdido o jeans em promoção.

Eu, fã confessa e irrecuperável de Lygia Fagundes Telles, sabia que ainda viveria (mais) um episódio com ela. Só não imaginava que fosse tão literal; ainda bem que é uma pedra só, e não uma ciranda delas. Trouxe comigo seu retrato tirado no ultrassom. Desejo que ela siga seu caminho, de preferência em paz. Just like a rolling stone.

15 comentários em “Just like a rolling stone

  1. Sil, querida, sinto informar-lhe que as pedras lhe visitarão novamente….eu e Vagner temos coleção: sim, a cada uma expelida ele guarda numa caixinha….hahahaha quando começamos a sentir a bendita dor, que vem às vezes avisando devagarinho, já tomamos as providências: buscopan de 4 em 4 hora até a bonitinha sair….No nosso caso, é hereditária, a cada 2 anos, ao menos uma dá o ar da graça….E não adianta dizer que é a alimentação, falta de líquido….nada disso, aqui em casa já tá provado: somos uma família que possui pedreiras no dna….bjão querida!

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  2. hehe… desculpe mas tive que rir… lembro sempre de uma amiga da época de faculdade que tinha uma meia 3/4 vermelha transparente, e quando a colocava dizia: “hoje não posso ir parar nem num motel nem num hospital”… desejo que tuas dores tenham sumido e nunca voltem, mas apreoveite o aviso divino e limpe sua gaveta das langeries esgualepadas… bjs

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  3. Que fria, heim, Silmara? rsrs Mas acontece. Fui vítima, durante anos, de pedras nos rins. Enormes, levavam meses descendo e paravam…na beirinha da bexiga e dá-lhe litotripsia (horrível! não dói nada, mas o barulho do “martelinho” dói na alma). Enfim, acabei numa cirurgia, que quebrou a pedra internamente. Graças a Deus nunca mais tive. Dó, sim, mas nem sei se é mais que a dor do parto. Cada dor é a pior do munod, basta sentí-la, né? rsrs Beijo!

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  4. Viiiish, Sil!! Já passei por essa dolorosa experiência, aos 13 anos. No meu caso, eram cristais bem pequenos, mas que me arranharam toda por dentro. Foi uma semana de Tylex e muita água!!

    Desejo que a sua pedrinha vá literalmente pelo ralo em breve!! Beijos!

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  5. Sillllll! Amei, para variar, né?! E ri também, pois é claro que, minha mãe, como toda mãe, já me ensinou esta “boa maneira”. Mas, vem, cá: em que loja o jeans tava por 39,00?! Beijos!

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  6. Hehehehehehe! Me desculpe mas tive que rir. As mães sempre sábias! E a gente não aprende. Duvido que só usaremos lingerie novas e sexy… seremos pegas, outra vez, com mulambos, que são mais confortáveis de usar. C’est la vie! Agora quanto a dor… algumas mães disseram que a dor de pedras nos rins é bem pior que a dor do parto. Não sei porque nunca tive a tal cólica renal. A dor do parto, suportei-a duas vezes! E feliz!!

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  7. Meu Deus… Isso deve ser o que chamam de “poder de atração”… Negativo, claro!!!
    Ai, amiga… Seria cômico se não fosse trágico, em?
    Te mandei um SMS agora, não sei se ligo. Quero saber de vc!!!!

    Agora já sabe: sempre lingeries novinhas em folha! rs

    Bjs e melhoras. Vou tentar te achar pra saber de vc.
    Huck

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  8. Que saia justa! Minha mãe também nos dizia sempre isso: roupa íntima tem que estar sempre impecável! Espero que você se livre dessa “coisa” que te fez perder um jeans em liquidação. Doeu mais que a pedra, né! Beijo

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  9. Oh, God! Mas vc está melhor?
    Lembro de uma crônica daquela série “Para gostar de ler”, não lembro quem era o autor, mas onde o marido teve que vestir a calcinha da esposa porque não tinha cueca limpa, e foi atropelado. Peeeeeense no final da história!
    Beijo, querida!

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    1. Oi, Bel! Excepcionalmente, respondendo esse aqui…
      Agora estou bem, mas foi duro. Nunca havia sentido uma dor dessas, a gente pensa que vai desmaiar, que o mundo vai acabar. Ainda bem que existe Buscopan e Voltaren (rs). Obrigada pela preocupação, querida! E agora vou tentar caçar essa crônica, tenho que ler, né? (rsrs)

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