Jingle bells?

Ilustração: Adam Koford/Flickr.com

Gelei: acabo de topar com o primeiro anúncio de Natal. Papai Noel nem contratou os duendes temporários para fazer um bico no final de ano e já anunciaram: está tudo pronto. O bom velhinho deve odiar os publicitários. Viver às turras com o pessoal do marketing. Não é fácil ser lenda em terra comandada pelo dindim.

De meu posto, ainda em fase de embasbacação com as floradas da primavera nos ipês, jacarandás, sibipirunas e manacás-da-serra, em plena espera da boa-nova nos campos de concreto, já preciso pensar no presente de amigo-secreto. No chocotone. Na estratégia para armar a árvore de Natal na sala sem que os gatos comam os enfeites. E se eu insistir com as flores… Viver cada coisa em seu tempo, às vezes, é audacioso demais.

Todo ano é assim. Pior: o ano inteiro. Uma antecipação frenética e ensandecida das datas, fazendo com que tudo passe mais rápido do que já é. Me ponho ansiosa e concluo que, como o Coelho da Alice, estou atrasada. Se bem que coelho é lá na frente, na Páscoa. (Seus ovos que cada vez têm menos forma de ovo, no entanto, infestam os tetos dos supermercados bem antes.)

Tem mínimo para tudo: mínimo para pagamento da fatura do cartão de crédito, idade mínima para entrar no cinema, frequência mínima para passar de ano na escola, salário-mínimo. Campanha de data comemorativa também carece de limites mínimos: nada de outdoor de mãe, a não ser em maio. Comercial romântico de casal enamorado, só se for em junho. De pai, antes de agosto, nem pensar. E ninguém mais bota decoração verde e vermelha nos shoppings antes de dezembro. Infringiu, é multa. O calendário gregoriano reinará soberano, dando uma bela ‘banana’ para o calendário promocional. (Que carece, sobretudo, de novas inspirações. Mas isso são outros trezentos e sessenta e cinco.)

Até que isso aconteça, mês que vem, novembro, terei enjoado das bolas coloridas, dos anjinhos trombeteiros, das luzes piscantes nas janelas, das caixinhas de Natal para frentistas, garçons e manicures. Quando chegar o dia, propriamente dito, os gatos terão destruído a árvore e eu estarei completamente nauseada com a temporada de hohoho.

Que venha o Carnaval.

10 comentários em “Jingle bells?

  1. Sem contar em todas as inovações decorativas, não é mesmo?! Quem quer uma árvore de natal tradicional, verde, vermelha e dourada quando se pode ter uma branca com azul e roxo??? É como se o carnaval chegasse mais cedo ainda!

    Curtir

  2. Ai, ai… tenho amiga que adora montar a arvore em outubro. Tá loco!!! Montando no dia 01/12, quando chega dia 30/12 eu já estou cansada daquela enfeitaiada toda… e isso porque eu adoro o Natal…
    Onde pede a conta???? rsrsrs…

    Curtir

  3. O mundo enlouqueceu mesmo! Para que eu quero descer…aqui também já tem aparecido as primeiras árvores de natal e decoração!!! Eu tenho pavor dessa comercialização das datas.

    Infelizmente, hoje em dia com o consumismo desenfreado, nenhuma data escapa: Natal, Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia dos Pais.

    Prefiro mil vezes dar presentes em qualquer dia, quando menos se espera! É muito mais especial.

    Curtir

  4. Esta parece a crônica do enlouquecimento. Que canseira esse mundo feito de propagandas e pressas. Pobre Noel. Pobres de nós humanos.

    Curtir

  5. A mágica do Natal desapareceu há anos atrás… desde quando eles começaram à anunciá-lo em outubro. Tenho tentado resgatá-lo agora que tenho filhos pequenos. Concordo plenamente com você mas deixe o carnaval em paz… Como alguém que “conheço” disse: “Uma antecipação frenética e ensandecida das datas e das coisas, fazendo com que tudo passe mais rápido do que já é.”
    beijos e greve de Natal antes do tempo também!

    Curtir

Quer comentar?