Devaneios pós-férias escolares: como tudo começou

Descobri tudo.

Escolas, na verdade, foram inventadas para proporcionar a pais e mães – mais mães que pais – algum período livre durante o dia. Uma espécie de folga da cria, descanso fundamental nas tarefas inerentes à paternidade e maternidade.

Depois é que foram aperfeiçoando a ideia. Vislumbraram na instituição outras utilidades, como ensinar a ler e escrever.

E o que seria apenas um jardim da infância virou o jardim da pré-adolescência, evoluiu para um jardim da adolescência, culminando num jardim da juventude inteira. Depois que os jovens estivessem crescidos, donos dos seus narizes, morando sozinhos, trabalhando e pagando suas próprias contas, a escola estenderia sua função primária, e passaria a atender os filhos destes, depois os netos e assim por diante, num ciclo infinito.

O problema é que aqueles jovens já estavam, irremediavelmente, acostumados ao ambiente escolar, ao convívio com amigos e professores, ao recreio e seus salgadinhos, às vans, à biblioteca, às gincanas, ao centro acadêmico, às festas de formatura. Resolveram, então, continuar na escola. Surgiram, assim, as universidades.

Com o tempo, crianças cada vez mais novas – bebês de colo, inclusive – foram apresentadas ao maravilhoso mundo da escola, sob o pretexto de que tanto pai quanto mãe desejavam, ou precisavam, trabalhar fora. Balela.

Desconfio que, por trás da engenhosa criação, havia uma mãe à beira de um ataque de nervos, ávida por paz. Disposta a tudo para ter sossego em seu lar, e inteligente o bastante para conferir à invenção um sentido nobre e politicamente correto. Claro: para que não a chamassem de bruxa, livrando-a da fogueira.

Descobri, então. Não foi fácil.

5 comentários em “Devaneios pós-férias escolares: como tudo começou

  1. VIVA esta mulher sensacional que um dia esteve a beira de um ataque de nervos. Ela salvou a humanidade feminina… e a mim!!!
    beijos,

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  2. pois é… e continuamos nesse ciclo, nós, nossos filhos, os filhos dos nossos filhos, e os deles também… na roda viva da vida, uns pensado que aprendem ensinando, outros pensando que ensinam, aprendendo… pasando o tempo, descobrimos que nem aprendemos tudo que poderíamos ter aprendido e nem ensinamos tudo que gostaríamos…
    beijinho
    Josi

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  3. Cara Silmara,
    Vc quase descobriu a polvora! A grande questão, a da tal maternidade é algo cheio, diria lotada de dificuldades. Depois de mais de 10 anos trabalhando com mães e bebês, encontrei pouquissimas mães que realmente aguentavam o rojão de um dia inteiro com a cria, ou as crias! A tal da educação caseira é algo quase enlouquecedor. Vi mães com uma capacidade fora do comum para irem para a luta atras de ganhar mais dinheiro para poder oferecer o ultimo modelo da Playstation, mas ficar em casa, sentar no chão e brincar por horas com os filhos, era algo impensavel….Na maioria dos casos, a escola ou créche é a melhor solução, para as crias também!
    Assim caminha ahumanidade 🙂

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  4. Eu sempre gostei de ir pra escola. Lá eu me sentia mais livre, sozinha, sem a proteção da família. Era assustador e excitante.

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