Foto: Eduardo Amorim/Flickr.com
Ter varinha de condão. Descobrir uma passagem secreta na parede e ir parar em outro mundo. Ter dez centímetros a mais, e que os preços tivessem uma casa decimal a menos. Fazer cinema. Ter jeito com os números. Gravar meus sonhos em DVD, para assisti-los depois.
Ter tido vinte anos na década de sessenta e vivido a bossa nova in loco. Ter escrito O Guardador de Rebanhos e conseguido ler A Divina Comédia até o fim. Fazer tai chi chuan na praia ao amanhecer. Semear vento, colher brisa, correr para o abraço, deixar para lá, fazer de conta.
Ver uma foca ficar feliz, pondo uma bola no seu nariz. Ouvir Deus e ter certeza que não é apenas a minha imaginação. Ser a Jeannie. A Feiticeira. E a Mary Tyler Moore, vez por outra. Poder ficar invisível. Guardar os amigos numa caixinha para nunca perdê-los. Encontrar o médico – ou médica – que me ajudou a nascer. Visitar o passado, num dia de Natal, na velha casa da Rua Natal. Mas só como observadora.
Saber, sem engano, quem fui nas outras vidas. Ver o mundo pelos olhos de um gato. Ter assistido um show dos Beatles. Ser entrevistada pelo Jô Soares. Saber fazer café. Entrar em uma fotografia. Ter conhecido o Maestro Antonio Carlos Jobim. Ter a voz da Karen Carpenter. E saber a quê Gilberto Gil estava se referindo, naquele papo maluco de abacateiros e refazendas.
Ter inventado o Google. Topar com um fantasma e perguntar umas coisas para ele. Fazer um afago num leão. Ver a Terra lá de cima. Botar meu bloco na rua. Saber o que teria acontecido na minha vida se eu tivesse virado à direita e não à esquerda. Só por curiosidade.
Falar francês. Ter um Beetle. Inventar uma pílula que tinja os cabelos. Poder desatarraxar a cabeça de vez em quando. Saber como se dança o baião, quem pintou a mula preta e o que é que a baiana tem. Hibernar como os ursos e só acordar na primavera, com o café-da-manhã na mesa.
Em tempos de querença sem fim, queria mesmo era que tudo tivesse sentido. Até a calça saruel e a bolsa de valores.
Quero quero tudo isso também, com leves substituições. E quero uma saruel nova: cansei da minha preta. rs
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Ainda em tempo de ser entrevistada, logo após o seu livro entrar para a lista dos mais vendidos…Isso, eu quero pra você, além de que, continue sempre a nos inspirar com suas palavras!
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O que eu quero e salvar esse texto na pasta de favoritos pra voltar aqui de vez em quando.
Quanto a “ser entrevistada pelo Jo Soares”, isso eu tambem quero! Me imagino me enrolando toda nas palavras e respondendo coisas que ele nem perguntou, rs.
Silmara, que coisa linda. Fiquei segurando as lagrimas (pois estou no servico, se tivesse em casa, abriria o berreiro) quando li a parte “Visitar o passado, num dia de Natal, na velha casa da Rua Natal”. Isso eu so faco em sonhos e queria sim poder grava-los.
Nao sei bem como colocar, mas eu amo essa nostalgia acompanhada de humor. Se voce souber o nome disso, me ensina.
Bjos.
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Ah, mulher, só você mesmo!! Não seria realmente incrível poder gravar os sonhos para assistir depois??? pra mim seria fantástico, já que não me lembro de absolutamente nada do que sonho…Acho que prefiro sonhar acordada mesmo, com os pés no chão e a cabeça nas nuvens… Algumas coisas ainda são possíveis, não? Tenho certeza que ainda vou ver você passeando no seu lindo Beetle amarelo-alegria-de-girassol! Não esqueça de me dar uma carona!!
Uma semana iluminada!
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Oi
Cada dia que passa fico mais ligado aqui e leio tudo…risos
Sil…PARABÉNS!!
Beijos
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Mais uma vez vc arrebentou!!! Lindo texto!!!
Beijos!
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Oi Silmara! Acabei de conhecer aqui… Gostei bastante!
Desejo que você possa realizar a maioria das coisas que quer… Afinal, a vida é mesmo essa expectativa, né?!
bjs,
Simone
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Eu sei fazer café… iurúúúú, mas não sei escrever como Silmara.
Lindoooooooooooooooooooo!
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Lindo. Tantos sonhos em comum. Eu queria ser a Jeannie é um gênio e morar dentro daquela garrafa linda e bem decorada! Deve ser muito macio lá dentro.
Beijo, querida das palavras.
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Criatividade, teu nome é Silmara. Morri de rir com o “Até a calça saruel e a bolsa de valores.”
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muito muito muito bom!
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Seus textos são sempre uma calmaria para mim, nessa sala cheia de pepinos pra resolver!
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Eu quero-quero ser feliz. Ver você feliz. Fazer todo mundo que eu amo feliz. Ter o dom de espalhar felicidade. De grátis! rsrs
Muitos beijos, moça lindaaaaaaa 😀
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Que texto lindo Silmara. Tens o dom de conseguir passar para palavras tudo o que te vai na alma, e sai sempre uma coisa muito linda.
Sou tua fã mesmo!
Um beijo
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Maravilhoso, Silmara! Que bom ter suas palavras para começar essa quarta-feira com a esperança renovada…
Beijos
P.S: essa da Divina Comédia me pegou… Ainda vou conseguir! E sobre ser a Feiticeira, então? aiai…
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Sil querida,
mais uma vez lindo, lindo, lindo…..
Deixa eu acrescentar mais um nesta lista??
Quero quero…ter a sensibilidade da Sil para conseguir traduzir em palavras tantas coisas que vão na alma.
Quero quero…este mel que derrama dos seus textos.
Quero quero…que minha pequena Letícia cresca ouvindo suas palavras.
Quero quero…continuar sua amiga para sempre.
Beijos mil.
Ana
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Posso engrossar o time? De tudo isso só sei dançar baião… Pra mim só falta um abraço sempre disponível pra quando você menos espera ele te tirar de pensamentos baixo astral!
Beijos na alma!
Layla Barlavento
http://culpadowalter.blogspot.com
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Pelo menos pra um desses eu não preciso de varinha de condão…
O médico que me ajudou a nascer é da “turma” (rs), e encontrar com ele é sempre uma sensação ótima, misto de gratidão e intimidade!!!
Pro resto todo se descobrir a fórmula não deixa de contar!!!!
Você é sempre fofa assim????
Beijos
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Lindo, lindo lindo Silmara…
uma coisa vc já faz, e muito bem feito…
Lê desejos, e os traduz em letra e luz…
beijinhos
Josi
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