Foto: TW Collins/Flickr.com
Enquanto eu tomava meu café-da-manhã, uma abelha entrou pela janela. Logo seu radar detectou o pote de mel, destampado sobre a mesa. Aprendi a comer abacaxi com canela e mel há pouco tempo, na casa de um amigo. O mel corta a acidez do abacaxi, a canela dá o aroma especial ao prato. A abelha rodeou, rodeou e parou, feito um helicóptero, próxima à boca do pote. Por certo pensou: Conheço isto aqui.
Ouvi dizer que, pelas leis da aerodinâmica, as abelhas jamais poderiam voar. Porque seu corpo é muito grande e pesado para asinhas tão miúdas. Mas elas voam assim mesmo. Sabe por que? Porque elas não sabem disso.
Gostei do abacaxi daquele jeito do amigo e no dia seguinte fui comprar mel. Na porta da loja um homem me pediu dinheiro. Contou que não podia trabalhar. Haviam lhe dito que o pé torto – seu parto, nos cafundós da Bahia, fôra complicado – o tornara incapaz.
Salpico a canela no abacaxi, de olho na pequena Apis mellifera. Brinco com ela: Adivinha o que falam sobre você.
Às vezes a gente é meio abelha: ninguém põe fé, mas voamos. Por outras, somos como o homem da loja de mel: falam que nosso pé é torto, e a gente acredita.
Lembrei de uma amiga dos tempos de colégio. Queria ser atriz de teatro. A família achava que era piada. Nem as capitais dos estados ela conseguira decorar. A última vez que nos falamos ela estava exausta e tristonha. Naquele dia tinha entrevistado uma dezena de candidatos na empresa onde trabalha. Em vez do teatro, minha amiga escolheu Psicologia. Acreditara, enfim, que tinha o pé torto. E seu personagem agora era outro. Menos doce para ela.
A abelhinha parece ter desistido do mel. Fez alguns salamaleques aéreos e partiu. E não é que a danada voa bem?
Quero ser uma abelha. Surda aos “nãos” que eu mesma me digo. E, apesar do meu corpo grande demais pras minhas pequenas asas, voar em busca de mel pra minha alma.
Preciso dizer que vc conseguiu mais uma vez??
Bj anjo.
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Isso porquê…Ninguem disse a elas.
Belíssimo, lindo Silmara.
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Muito legal o texto e o blog em geral e para quem gosta das nossas abelhas nativas sem ferrão visitem: http://www.meliponarioalencar.blogspot.com Grande abraço!!
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Esse texto é melífluo, não?! hahaha
Demais!
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olá!
recebi o endereço do teu blog por uma amiga. e ADOREI!
tudo que tu escreve e muito lindo e verdadeiro, PARABÉNS!
e estou tentando não cortar minhas asas… 🙂
Abraços!
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Eu tô com um sorriso bobo aqui lendo esse teu texto Sil… mentira eu tô chorando por terem cortado minhas asas… e fui eu mesma quem cortou!!!!!!!!!!!!
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Caríssima Silmara,
nesta semana uma querida amiga enviou o endereço do seu blog pra mim e eu A-D-O-R-E-I!!! Tantas sentimentos já foram vivenciados aqui: risadas histéricas, emoção de quase chorar, reflexões sérias…
Parabéns demais a você por criar um espaço tão lúdico e cheio de graça…
Um beijo grande,
Bel
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Nossaaa confesso q me emocionei, realmente não temos idéia do quanto capazes somos!!! Adoro seu Blog!!! Parabéns!
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Oi, Sil
voltei ao seu lindo blog, e me emocionei com mais este texto… sabe, isso, de acreditar na gente mesmo, de saber que só a gente pode escrever a nossa própria história… sempre me emociona.
Este deve ser o conhecimento mais velho da humanidade… uma coisa que uma simples abelha sabe! Por que será que a gente ainda não acredita nisso pra valer, não vive isso do fundo da nossa alma?
Obrigada por me lembrar!
Beijo,
Ana F.
PS Já entrou no Twitter? risos
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Deixa eu te contar a minha historinha:
Eu namorei e noivei dos 15 aos 19 anos. Meu noivo era 6 anos mais velho e era extremamente pocessivo e ciumento. Quando estava com 18 para 19, passei por um processo forte de depressão que demorou pra ser diagnosticado como tal, primeiro fiz trocentos exames por acharem que eu estava com várias doenças até que me mandaram para o psiquiatra.
Ele me deu uma receitinha básica:- Termine o relacionamento com o troglodita do seu noivo e vá ser uma abelha – você não é um pé torto!
Fui fazer cursinho, passei no vestibular aqui em Minas (morava no interior de SP) e nunca mais voltei pra minha cidadezinha.
Conheci o meu amor no segundo ano da faculdade em um dia e no quarto dia juntei minha malinha e fui morar com ele, esse ano fazem 18 anos que sou uma abelha muito feliz!
Bijim e Om Shanti
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Olá…
Conheci seu blog através do “Beijo me liga” e desde então virei fan (ou fã, sei lá).
Gostaria de escrever alguma coisa aqui que valesse a pena ser lido, não apenas para encher linguiça… então:
Muito obrigado por me lembrar que eu sou abelha quando já estava prestes a acreditar que era pé torto.
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Ai que coisa querida!
Adorei a expressão balaio-mãe das idéias…
E adoro ainda mais experimentar o que há fora do balaio, onde tem gente bonita e idéias que revelam felicidade, desse jeito assim, simples, possível… Como fez o seu comentarista Beto… Puxa!
Ótimo domingo! Gracias!
Claudia
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lindo texto!!! adoro abelhas, não tenho medo, apesar de saber que é uma dor danada a picada…….mas às vezes dor é uma coisa boa né….
bj
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Olá Silmara,
Mais um texto leve, lindo e profundo… quanta abelha por aí que não voa porque lhe disseram que não era possível, e elas acreditaram… e quanta gente que aceita os limites que lhe foram impostos em ao menos questionar: será?
Seus textos, como sempre, nos fazem pensar… 😉
Um grande abraço!
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Muito bom o texto, adoro a forma como você relaciona esses fatos tão corriqueiros do dia a dia com coisas tão profundas!
Beijos!
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Um texto fofo, leve, profundo.
Como pode?
Beijos no core,
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Cumadra, quem num si cumunica, fica doente, explode por dentro.
Só morre, sem deixar rastros de vida.
Faz tempo, vi num programa infantil importado a explicação de como funciona a energia atômica.
Encheram uma sala de bolinhas de ping-pong e ratoeiras. No chão, haviam milhares ratoeiras com bolinhas.
Desarmaram a primeira que… jogou a bolinha branca pra cima, que desarmou a segunda que bateu na terceira… O que se viu, foi uma explosão de bolinhas-atomos se chocando. Atômica reação!
Quando alguém super observa, super descreve e super troca o que viu, super emociona pessoas que super comentam o que leram. Num atmo de segundo, molas tensionadas, desejos de harmônica solução para tensões que se acumulam, a sala/coração atomicamente explode, avermelha de mais sangue puro, energizando milhares de salas/corações.
Corações se expandem para que, neles, se acomodem e aconcheguem mais super desejos de mudar a vida de meninas que viram super exemplos para fazer a primeira bolinha branca sair pelo ar caçando ratoeiras que estão prestes a disparar.
Quem super observa, pré-adivinha em seu rubro coração, com quantas bolinhas brancas se fazem as canoas/ratoeiras que sairão navegando.
Cada uma, com uma grande menina de coração/sala que, por algum tempo, irá singrar a tarde aroseando, será só um ponto na liinha de quietude no horizonte dos mares.
Até que… outra menina, de pé torto, abelha, seja um super exemplo.
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Ah, claro: tava morrendo de saudade daqui!!!
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Oi, Silmara! Infelizmente, me identifiquei com a sua amiga que queria ser atriz. Mas acredito que ainda dá tempo de esquecer o que os outros dizem e ser abelha, né não?!
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Você conhece a Jornada do Herói, Christopher Vogler? Essas pessoas que falam sobre a aerodinâmica da abelhinha me parecem os guardiões do sagrado limiar, das mitologias.
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Quero dizer, que a poucos dias venho passando no seu blog diariamente, e estou adorando os seus textos, parabéns pela sensibilidade!
Abraço :*
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Jéssica, tentei responder para você por email, mas voltou… Então, vai aqui um obrigada e um beijo. Silmara Franco
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Silmara, docinho! Você não só voa como manda muito bem. Mimos e afagos da Si.
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Oi, Silmara! 😀
Enfim, cheguei aqui. E que bom!
Seu blog é especial. Seus textos são especiais. Gostei muito disso tudo por aqui, e quero voltar para me inspirar mais…
Gostei da história (estória?) da abelhinha, e quero como ela fazer ainda um monte de coisas nessa vida sem nem me dar conta se eu posso mesmo ou não. 😉
Beijos!!!
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Tem umas coisas que vc escreve que me arrepiam! Sério mesmo.
Tem dias que eu sou mais “abelha”, tem dia que eu sou mais “pé torto”… As vezes é mais fácil fazer o que esperam de nós porque já estamos acostumados a nos ver através dos olhos do outro mesmo…
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Olá!!!
Como sempre, um texto delicioso de se ler. E este é um combo perfeito: leitura gostosa + uma dica de sobremesa (adoro abacaxi!) + uma reflexão (será que devemos dar tanto crédito ao que nos falam em vez de seguir o que realmente queremos?). Nunca mais vou ver uma abelha voando da mesma forma.
Abraços!!!
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aii eu adoro seus textos.. sempre to lendo aqui.. esse da abelha.. ai a pura verdade!!!!! peguei um pedaço dele e vai pro meu blog, com créditos clarooo! bjoca
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Não me canso de me impressionar com tanta sutileza e sensibilidade!
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Bom dia Silmara.
Que sutileza… Adorei as metáforas que utilizou!
E reafirmo: ‘Às vezes a gente é meio abelha: ninguém põe fé, mas voamos. Por outras, somos como o homem da loja de mel: falam que nosso pé é torto, e a gente acredita.’
Grande abraço.
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Que sensibilidade! Vc é um doce…Adorei!
beijo
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Lindeza escrevi para você no meu blog, bjokas
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Oi Sil!
sou a sexta a repetir… lindo o texto!
Pés tortos, olhos que não querem ver, ouvidos que se fazem surdos, corações que não aquecem… infelizmente o mundo anda cheio de defeitos por conveniência… felizmente há quem possua assas pequenas, mas uma grande vontade. Esses movem montanhas para fazer a diferença.
Um Beijão feliz feliz…
Tá frio pra burro aqui em Curitiba, e a gripe está asssutando por aqui… Mas contrariando a previsão, os meus pés têm flores… Estou usando meu velho All Star florinho que pintei pra mim… e sobre abelhas… tenho uma historinha… um dia uma abelha ficou sobrevoando meu Al star florido… acho que ficou intrigada com as flores sem pólem!…
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Eu não sou abelha, mas já dei muitos voos rasantes e com muitos pesos de responsabilidades. E continuo aqui… e continuo a voar.
Seus textos são maravilhos. Adoro!.
Abraços,
Márcia – Cascais/Portugal
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“…Mas elas voam assim mesmo. Sabe por que? Porque elas não sabem disso…” tô aprendendo a ser como as abelhas e azar de quem duvidar do “poder” das minhas asas! Texto maravilhoso como sempre…adorei a dica sobre o abacaxi com mel e canela…beijo!!
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Bom dia Lindeza
Mais uma vez estou encantada com seu texto, to aqui pensando no meu voo, pensando nas minhas asas pequenas, e estou com um sorriso de orelha a orelha, pq eu acredito tanto nas minhas asas, nas minhas flores no cabelo, que não é meus dois pés tortos que me farão parar…
Abacaxi, mel e canela, hum delicia, vou experimentar… adoro mel de manhã…
bjokas mil
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Menina,
vc é mesmo danada!!! Fico impressionada com a sua capacidade de abordar os assuntos: elegante, precisa, cheia de poesia.
Olha, vou te confessar uma coisa: adoro a Adélia Prado e a Lya Luft, mas você tem dado um banho nas duas.
Precisamos conversar mais mais sobre isto, D. Abelha.
Beijos
Ana
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Que sutileza, querida!
Tanto… que hoje, um dia depois de uma dureza inconsequente, me atrevo a levar este texto para o meu canto e salpicá-lo… como as abelhas fazem com o pólen.
Obrigada!
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