Existem pessoas que estão entre nós, mas que ninguém vê. Pessoas que movimentam a economia do país, pagam impostos, prestam serviços. Tomam remédios, fazem compras, comem, dormem. Perdoam, ouvem música, consomem. Amam, enlouquecem, matam, arrependem-se. Assistem TV, usam telefone celular e navegam na internet. E mesmo com tanto movimento, ninguém as vê.
Trata-se do Homem Invisível.
É o jardineiro, o faxineiro, o segurança, o porteiro, o ambulante, o repositor do supermercado, o manobrista, o pedinte – campeão da invisibilidade; a diferença é que este não paga imposto –, o controlador de tráfego aéreo, o fiscal, o tratador de animais. A lista dos invisíveis é imensa. Eles não vivem escondidos, tampouco são subterrâneos. Mas é possível passar o dia inteiro sem notá-los. Ninguém os percebe. Ninguém quer saber deles. Mesmo assim, num paradoxo difícil de engolir, eles são indispensáveis.
Ao contrário de seus colegas das histórias em quadrinhos, o Homem Invisível não tem superpoderes. Na grande maioria das vezes, ele tem poderes de menos. Vivem em outro enquadramento, pulverizados por aí. Mas prestem atenção: a invisibilidade deles é um estado. Não é uma condição permanente. Depende dos olhos de quem os vê.
***
Naquela manhã, o Homem Invisível, farto de sua invisibilidade, rebelara-se. Passara os últimos dias planejando o que poderia significar a grande virada na sua vida: um assalto. Determinado e crente de sua condição favorável – afinal, quem o veria?, lá foi ele.
Porém, algo dera errado. Sua identidade, longe de ser secreta, fora descoberta. E, comprovando que conforme a ordem do dia a invisibilidade pode ser meramente um estado, agora ele era o Homem Visível. Identificado, fotografado, entrevistado, questionado, indesejado, excomungado, odiado.
Hoje ele vive afastado e isolado em uma cela, junto a outros homens. Todos invisíveis, de acordo com os nossos olhos bem treinados.
legau esse site de molduras
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muito legal sa molduras gostaria de coloca em todas as fotos parabens pelo saite
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quero moldura da minha foto 3
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Olá Silmara, gosto dos teus textos e da forma como escreve, parabéns por este e outros posts!
Ps. Hoje, moro em Indaiatuba mas tb vim da Mooca e, como vc, não transferi meu título eleitoral para voltar lá ocasionalmente…;-)
Leonardo Siqueira
http://www.reflexoescorporativas.wordpress.com
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Às vezes eu me sinto uma mulher invisível…
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quase dá para entender que só somos notados quando fazemos algum mal. O pior de tudo é não vemos mesmo nem as pessoas ao nosso lado e ainda temos vários discursos altruístas. Só notamos quem na tv, ou quem está fazendo algo errado, simplesmente para criticar. Eeee raça ruim essa nossa.. rs
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