O nome da gente

Foto: Rakka/Flickr.com

Nome é como tatuagem. Parte indissociável de nós, não sai mais. Tenho nome, logo, existo. Dizem que escolhemos nosso nome antes mesmo de nascer, aqueles papos transcendentais. Mas isso é outra história.

O meu é Silmara. Conta a lenda que Seu Antonio e Dona Angelina planejaram os nomes dos filhos que pretendiam ter: se menino, Marcos. Se menina: Marcia e Mônica. Tudo com ême para ficar bem bonito. Eu seria a Mônica. (Não sei se fiquei sugestionada com a história ouvida na infância, mas até hoje esse nome é muito familiar. Combinaria comigo, com meu sobrenome. Questões transcendentais, quem sabe.)

Mas uma tia próxima teve seu filho um pouco antes e o plano foi por água abaixo: o primo foi batizado Marcos. Frustrados, meus pais resolveram mudar tudo. Adeus, Mônica.

Para ser sincera (meu sobrenome não deixa outra alternativa), não vejo muita graça no meu nome. Às vezes me pego pensando na possibilidade do passado, não fosse a tia. Nunca vejo meu nome naquelas listas imensas de nomes para bebês. Já li tantos significados diferentes, que concluí: ele não significa nada. Foi inventado. E ele também já foi motivo para uma, digamos, saia justa.

Quando criança, eu gostava de brincar, secretamente, que tinha outro nome. Havia uma personagem de novela chamada Noeli. Esse nome sim, para mim era transcendental: No-e-li. Fiquei tempos desejando me chamar Noeli. Em vez de um nome próprio, eu queria um emprestado. Pois não havia, no mundo inteiro, nome mais lindo. Mas a gente cresce.

Nomes nos acompanham a vida inteira, feito alma. São a marca indelével de nossa passagem por este planeta. Podem indicar de onde viemos. E também podem enganar meio mundo. O nome de um dos maiores gênios da música popular brasileira, o violonista Baden Powell, já me pôs encafifada. Não tem muito tempo que descobri: brasileiríssimo, e carioca. Resultado da obsessão de seu pai pelo general Robert Baden-Powell, fundador do escotismo. Ficou Baden-Powell de Aquino. Não preciso ir muito longe. Cresci chamando um tio de Paulo. Já adulta, descobri que seu nome é Francisco. Coisas dos Franco.

O assunto é vastíssimo. Dar nome aos bois não é nada fácil. Tem os nomes esquisitos por definição, bizarrices perpetuadas pelos cartórios. Tem os nomes curiosos. Tem os apelidos, tema que dá pano não só para manga, mas para um traje completo. Tem gente que muda de nome, papel passado e tudo. Tem os sobrenomes, espécie de pai e mãe do nome. Tem os pseudônimos. É assunto que não acaba mais. E sobre ele todo mundo tem uma boa história para contar.

É uma da manhã, despeço-me em nome de Morfeu, deus grego dos sonhos. Duvido que ele goste de seu nome.

15 comentários em “O nome da gente

  1. Oi!!!! Como vê, tbm me chamo Silmara…na vdd eu saí da maternidade com o nome de Cecília Cristina, tenho doc até hj q comprovam. Minha família conta, q minha mãe, chamada Cecília era uma mulher mt doente e tinha desistido de viver, qdo soube q colocaram o nome dela em mim, fez minha vó jurar q trocaria o nome, enfim, minha vó Jacira q escolheu esse nome(sem significado) e lg depois minha mãe faleceu.
    Me tornei órfã ainda bebê e sou mt feliz com o nome q me deram. Penso q silmara é nome de pessoas de bem com a vida, ao contrário da minha mãe.
    Então é isso…bora viver a vida!!!!

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  2. Nunca encontrei significado pro Silmara, tem Samara e coisas semelhantes. Dizem ser hebreu. Mas quem e que diz?
    Sou a mais nova de tres meninas: Sandra, Silene e tan tan tan tan (simfonia #8 de Beethoven): SILMARA.
    Se fosse menino, seria Sidney.

    Meu apelido de familia sempre foi Mara, mas os amigos de escola nao sabiam e me chamavam de Sil.
    Nome de solteira era Silmara Scocco (ninguem nunca conseguiu pronunciar.
    O terror e ter que fazer americano dizer Silmara. Ja ouvi cada coisa de deixar cabelo em pe.
    E quando precisam soletrar entao: “Is this how you spell it: Seomadda”? Depois de 10 anos corrigindo os gringos, desisti! Digo que sim, e assim mesmo que soletra. Acertou na mosca. Ainda deixo a pessoa se sentindo inteligente por achar que soletrou um nome tao dificil precisamente.
    Fico pensando se tivesse nascido homem, sera que teria vindo pra ca tambem?
    Pensando bem, se meu nome fosse Sidney, ai que teria mesmo.

    Abracos da Silmara

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    1. simara, olha so, seu nome ainda e melhor do q o meu
      veja so Sulmara, minha mae nem sabe aonde meu pai achou, pior meu pai ja morreu, e nao sei qual foi o paradeiro do meu nome, quando peço em significados, da nome nao existente.kkkk, mas acabei me acostumando e gostando,mas quando pequena, foi horrivel.bjs

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      1. Oi, Sulmara!
        Tentei responder no seu email, mas voltou…
        Pois é. Nosso nome tem variação até 🙂
        Beijos para você.
        Silmara

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  3. Amei Si,
    concordo que nome é uma marca quase eterna, e que é transcendental.
    Eu não poderia ter outro nome, pois tenho cara de Noéle mesmo. Agora adorei saber que você gostaria de ser Noeli, nunca escutei ninguem falando isso, amo meu nome, desde pequena me encaixei nele e nunca quis outro. Minha mãe escolheu esse nome quando ela tinha 15 anos, e jurou que se algum dia tivesse uma filha daria esse nome a ela, é de uma personagem de um livro que ela ficou encantada. E estou aqui, a 24 anos me chamo Noéle rsrsrsss…

    Amei seu canto

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  4. Também vou me deitar, mas adoorei te visitar hoje e ler tantas coisas lindas e bacanas. Me visita lá no blog que vou ficar muuuito feliz e honrada (fufuquices.blogspot.com).
    Sobre a história do nome, sempre gostei do meu, acho.
    Teve uma época que me incomodou um pouco por parecer muito comum, só na minha turma do colégio eram seis cláudias…
    Já gostei de outros nomes, mas nunca me imaginei usando outro.
    Apelidos tenho vários, gosto deles, mas sou mesmo a Cláudia.
    Tá bom assim. Beijos querida e obrigada pelas linduras que li aqui.

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  5. Eu sou Carlos. Carlos Rafael. Mas escondo esse primeiro nome. Talvez por achar seu significado sisudo demais. Talvez por achar Rafael muito mais bonito e seu significado (Deus cura) idem. Talvez por Carlos ser o nome do meu pai. E aí já entramos numa outra discussão bem mais complexa. rs

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  6. Quando eu era menina nao gostava do meu, achava o cumulo a combinacao do Nina com o Rosa. Me negava terminantemente a dizer os dois juntos, eu era soh Nina, mas sabe, Si, eu tbm nunca vejo meu nome nessas listas de significados, Nina eh como nada tbm 😦

    fico chateada…e qd dizem que eh diminutivo de janaina?? aahhh odeio!

    mas olha, tem cada nome esquisito que menina, pelo amor de Deus, ta bom como ta viu??
    eu lembro que agradecia a minha mae, tinha pavor de pensar que ela pudesse colocar Raimunda em mim, rsr. e ai eu me permitia aceitar meu nominho, que hj na verdade, AMO!!!

    ainda bem que a gente cresce.

    Um beijao querida

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  7. Acho que foi o Rubem Alves (não me lembro bem) quem disse que o nosso nome é um saquinho. Vazio quando nascemos, esse saquinho vai sendo enchido com várias coisas… primeiro são os outros que colocam definições, conceitos e limites. Depois você mesmo toca esse papel na vida. E assim nosso nome passa a ser um tipo de trilho, um caminho formado por conceitos que podem ser verdadeiros ou não… não importa, agora vc tem um nome a zelar e não pode desviar de seu comportamento.

    Karam

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  8. Silmara, aqui é a Si (de Simonne para os que nunca me viram por aqui). Meu pai me contou que meu nome é com 2 n’s porque em 1968 era usual Simone com 1 n só ser sobrenome. Eu nunca fui atrás dessa história, mas achei legal ter dois n’s no nome. O que eu não gosto muito é de Simonne vir acompanhado de Cristina, nome que eu adoro, só que sozinho. Ainda mais depois que uma colega “astróloga” me disse que Cristina é “péssimo” no astral. Alguém sabe alguma coisa sobre isso? Se é mesmo “péssimo” nunca pegou em mim. Agora, “azar” teve o meu filho. Quando ele nasceu, lá foi meu pai registrá-lo. Escrevi num papelzinho: Luigi. Meu pai achou que eu tinha errado (por causa do g), consertou por conta própria e no registro ficou Luidy. 🙂 E esse conserto deu o maior trabalho para desconcertar. Essas são duas das histórias de nomes da minha vida. E eu conheço duas Silmara, esta do blog e outra que foi minha personal trainer por 2 anos. Adoro as duas.

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  9. Sil….
    seu nome tem tudo a ver com vc. Quando vi a sua foto, pensei: o nome combina com a pessoa.
    A única Silmara que conheço é vc. E acho seu nome muito simpático.
    Portanto, desencana…rs..rs.
    Beijos

    Ana

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  10. Adorei esse post sobre os nomes e realmente é assim, a gente não escolhe, nem sempre o nome combina com o sobrenome e assim vai.
    Confesso: não gosto do meu, mas já acostumei, afinal são 28 anos sendo chamada de Flávia… rsrs

    Gostei muito do blog.

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